Um jardim no prato

Sempre estiveram nos jardins mas as flores fazem cada vez mais parte da gastronomia e além de decorarem os pratos também se comem.

Todas apelativas aos olhos e ao palato, as flores comestíveis iluminam muitos pratos gourmet em muitas cozinhas em todo o Mundo. A begónia que remete para o morango, o amor-perfeito com sabor a chiclete ou a calêndula com ligeiro gosto a açafrão são apenas exemplos.

Desde o século XVII que as flores comestíveis começaram a desempenhar um papel essencial na culinária. E se surgiram em primeiro lugar como decoração em compotas, licores e outros produtos, hoje ganharam destaque como um elemento completo, com qualidade sensoriais únicas.

Em várias partes do mundo como França, Itália e Ásia, a introdução de flores em pratos é já usual e faz parte da tradição. Em Portugal é um mercado em expansão que já conquistou muitas cozinhas e muitos chefes.

Delicadas e pequenas, exigem um processo de cultivo próprio e adequado. Longe dos pesticidas e com água e luz controladas, só assim o produto final é confiável para ser consumido, no seu potencial máximo de sabor e frescura.

A sua utilização depende unicamente da imaginação. Molhos, saladas, açúcares de flores, congeladas em cubos de gelo, queijos, ou simplesmente num empratamento excecional, a flor comestível é o elemento perfeito para aguçar a vista e o palato.

Um mercado que na ilha da Madeira dependia em parte de França, Espanha e Évora, o que limitava a sua utilização pelos dias de transporte até chegar à região e a um preço alto. Atualmente a facilidade é outra e como a produção é local a frescura sente-se no prato.

A Microverdes nasceu da tentativa de colmatar uma necessidade do mercado. Com a paixão notável por um projeto que cresce a cada dia, Cristina e Eleutério Costa abriram as portas para que a Essential sentisse o carinho de quem cuida das flores.

“Começámos a adquirir umas sementes, a fazer umas plantações, temos algumas amostras, e claro as flores são conforme a época do ano. Há flores que são bienais, outras anuais”, explica o Eleutério Costa, que é também chefe de cozinha. “Cada flor tem a sua característica, muitas têm cheiro e algumas têm sabor, outras são de sabor neutro e servem simplesmente para embelezar o prato, embora também comestíveis”.

Na decoração de um prato “o impacto visual conta muito”. E se é verdade que o sabor é o aspeto fundamental de um prato, o chefe Eleutério Costa lembra que “se compararmos um prato com e sem flores, a diferença, é como da noite para o dia, o impacto é bastante grande”.

As estações do ano influenciam igualmente a decoração do prato. No inverno as cores escuras e as texturas aveludadas são as mais procuradas. A primavera é o tempo das cores garridas e da leveza das pétalas.

Eleutério Costa explica que nas cozinhas cada vez mais são procuradas flores com sabor. As sobremesas são um exemplo onde os pasteleiros jogam com os paladares doces das flores. Apesar de uma sobremesa ser, só por si, algo bonito, para o Chefe Eleutério Costa, a ligação com as flores intensifica a sua apresentação final.

As bebidas não são exceção. Poderiam ser feitas com cocktails como o Bloody Mary, os Gin Tónicos, Bacardi ou até Groselha.

Equilibrando texturas fibrosas ou aveludadas, paladares doces ou picantes, e aromas leves ou mais intensos, a arte de unir flores e gastronomia requer prática, conhecimento e acima de tudo imaginação. Uma experiência que cativa os sentidos, com benefícios para a saúde humana e que a alta gastronomia tem cada vez mais razões para dedicar-se.