Misturar, agitar, decorar

O Cocktail Bar do Belmond Reid’s Palace tem uma nova carta onde se destacam 14 cocktails de assinatura.

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Imagine que Winston Churchill e George Bernard Shaw se encontravam para uma bebida! O que estaria no copo diante de cada um deles? Talvez vinho Madeira… um meio-seco Verdelho 10 anos para o estadista, um meio-doce Boal 10 anos para o dramaturgo.

A passagem dos dois homens pelo Belmond Reid’s Palace, ainda que em períodos diferentes, contribuiu com inspiração para o desafio de criar uma nova carta de cocktails, para o mítico Cocktail Bar. E ambos dão nome duas das criações, precisamente com vinho Madeira.

O processo criativo levou várias semanas, liderado por Luís Sousa, chefe de bares, que há mais de 30 anos trabalha no hotel e que tem sido um participante em vários concursos internacionais de cocktails. Os frutos tropicais e a valorização do vinho Madeira estão entre as prioridades. “Significa dar novas experiências aos nossos clientes, para que possam degustar produtos regionais de qualidade, que eu tanto adoro, os quais não encontram noutros bares”, refere à Essential.

Apesar de ser uma presença nesta carta de cocktails, o vinho Madeira ainda gera resistências em alguns barmen. Mas a técnica, quando dominada, apresenta um bom resultado final. Um exemplo é o cocktail Bago, que mistura um Sercial de 1971, com uva macerada e Vodka Grey Goose.

Luís Sousa confessa que ao longo do percurso profissional sempre gostou de inovar “tendo deste modo aproveitado experiências e criações anteriores para agora apresentar algo diferente aos nossos clientes.”

Patrícia Duarte, relações públicas do Belmond Reid’s Palace, refere que “esta nova carta surge em função de dois fatores, a sede de inovação do Luís e a necessidade de acompanhamento das novas tendências”. Vem juntar-se a uma nova carta de snacks e comida, que também esta disponível no Cocktail Bar.

Um pouco por todo o lado os cocktails voltam a ser a bebida nos copos à mesa dos convívios. Luís Sousa pensa que “os cocktails, na verdade, sempre fizeram parte de uma boa lista de bar, por isso não considero que seja uma moda”. Mas reconhece que “ficaram um pouco abatidos ao longo do tempo e as pessoas acabam por escolher sempre o mesmo, ou até mesmo nenhum e optam por outra bebida qualquer”.

Do entusiamo do hotel e do desejo de Luís Sousa em fazer algo diferente resultaram 14 cocktails de assinatura e o vinho é apenas uma das bebidas de uma longa lista utilizada, que inclui sumos, espumantes, gin, vodka... Os copos, de diferentes formatos, enchem-se de numa miríade de cores. Estas misturas são também um desafio ao paladar, com opções ideais para aperitivo, outras para digestivo, alguns mais secos e fortes, outros mais doces e suaves, alguns com textura ácido e borbulhante, outros ainda, macios como veludo.

Há também o não alcoólico Fairytale, ou outros inspirados na Madeira, como o Madeirini ou o Fine Poncha. Há também um cocktail 007 Roger Moore, que, claro está, é feito com Martini, em homenagem à passagem do ator pelo hotel.

Além da beleza e paladar das criações os cocktails são também um ritual. Patrícia Duarte defende que num mundo cada vez mais à procura de experiências a “experiência envolta num cocktail pode ser magnífica. A preparação, a surpresa, a degustação são deslumbrantes. E as pessoas cada vez mais gostam de ser surpreendidas, de arriscar e de experimentar”.

Na história do Cocktail Bar do Belmond Reid’s Palace, que já serviu uma longa lista de clientes famosos, muitos podiam ter inspirado cocktails, como o realizador John Huston, ou o ator Gregory Peck, que nos anos 50 aqui descontraiam, ou discutiam, após os dias de rodagem na Madeira do filme Moby Dick (1956), numa difícil relação humana que ficou para a História.

Talvez Moby Dick seja o nome do próximo cocktail a incluir na carta!

 

Artigo originalmente escrito em dezembro de 2019. (edição nº. 77 dezembro/janeiro)