O pulsar do Funchal

O ritmo da cidade pode ser sentido na histórica Rua Dr. Fernão de Ornelas, construída na década de 1940.

As sugestões que constam deste artigo devem servir de inspiração para o dia em que forem retiradas as restrições à liberdade de circulação. Para já colabore com as autoridades. Fique em casa! Ajuda o Mundo a vencer a Covid-19.

 

A Rua Dr. Fernão de Ornelas é uma das mais emblemáticas e movimentadas artérias do Funchal. Deve o nome a um importante Presidente da Câmara do Funchal, de seu nome, Fernão Manuel de Ornelas Gonçalves, autarca entre 1935 e 1946.

Tem início no Largo do Phelps e termina na Rua Visconde do Anadia, com o famoso e bem conhecido Mercado dos Lavradores bem à vista. Após a abertura foi chamada de Rua dos Mercadores. Algum tempo depois, em homenagem ao autarca que mandou abrir esta rua e fazer muitas outras obras de modernização do Funchal, o nome foi alterado, passando a ser Rua Dr. Fernão de Ornelas, até aos dias de hoje.

A rua faz parte de um conjunto de obras públicas postas em prática para a modernização da cidade, que faziam parte de um plano de urbanização da autoria do arquiteto Carlos Ramos, antigo aluno de Ventura Terra, autor de um plano anterior de modernização do Funchal. As influências de Ventura Terra no plano de Carlos Ramos são evidentes.

Para a sua execução, na década de 1940, foi necessária a demolição da rua preexistente, a Rua do Medina e do pequeno quarteirão onde está o Largo do Phelps. Desse tempo resta o arco que faz a ligação através da Rua da Cadeia Velha à Rua Direita, que em conjunto com a Rua do Seminário eram as ruas principais de acesso a esta zona da cidade.



Esta nova ligação pretendia ligar a zona administrativa e de comércio da cidade à zona onde haviam sido construídos importantes equipamentos, como o Liceu Jaime Moniz e o Mercado dos Lavradores. A Fernão de Ornelas tornou-se um importante eixo comercial.

No entanto, em Maio de 2019, esta que foi uma das artérias principais de circulação automóvel na cidade foi remodelada, e fechada a circulação automóvel. No que diz respeito à requalificação propriamente dita, foi notório o aumento dos passeios, bem como, o que antes era alcatrão para os veículos, transformou-se em calçada para passeios pedonais. O objetivo desta adaptação, por parte da Câmara do Funchal, foi tornar a cidade mais acessível, proporcionar uma melhor qualidade de vida aos residentes, e torna-la mais atrativa para os turistas, dinamizando comércio local.



Em termos formais possui uma grande coerência. Arquitetonicamente possui a hegemonia de um estilo chamado “Português Suave”, da época da ditadura do Estado Novo. As suas cérceas são também muito homogéneas, pontoadas por um ou outro elemento dissonante. O edifício com o número 35 é um exemplo muito interessante dessa dissonância. Assume-se com uma linguagem e uma imagem mais moderna e contemporânea, mas ao mesmo tempo consegue integrar-se através da continuidade da sua cércea, em relação à restante rua.

Mesmo com a evolução dos conceitos e realidades da atividade comercial, bem como da alteração de hábitos dos consumidores, esta rua continua a ser um grande eixo comercial e uma importante atração turística.

 

Artigo originalmente escrito em dezembro de 2016 (Edição N.º 59 - dezembro/janeiro) e adaptado em maio de 2020.