Georges dos Santos: Vinho com um toque de espectáculo

Georges dos Santos é um apaixonado pelo vinho e viaja pelo Mundo transmitindo emoções.

 

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Georges dos Santos é uma personalidade a que ninguém fica indiferente. Num jantar ou evento gastronómico, ele é a pessoa que habitualmente circula entre mesas, quase sempre com uma garrafa de vinho na mão, ou com o nariz dentro de um copo, ou rodando o vinho antes de uma prova. Este francês, filho de pais portugueses é mais do que um simples sommelier. Ele é criador de sensações, um coleccionador de vinhos antigos e um verdadeiro promotor de eventos com o vinho ao centro da mesa. 

Profissionalmente, Georges dos Santos é também um cavista, o que em França quer dizer um vendedor de vinhos, que possui uma cave onde os armazena. Neste caso, na sua loja em Lyon, armazena, colecciona e vende. Mas este francês é também o maior coleccionador de vinhos portugueses em França, além de Vinho do Porto, cuja colecção é uma «das 10 maiores coleções do Mundo». Além destes confessa que possui outros, «de alta qualidade», e alguns Vinhos Madeira. São no toral 143 referências.

Também colecciona vinhos de outras origens. A principal característica de Georges dos Santos é os vinhos antigos. Por isso a loja chamam-se Antic Wine Shop. Nela podemos encontrar «vinhos que remontam ao século XVIII e XIX, oriundos de 16 países. São cerca de 4800 referências n um stock de vinhos no valor 1 milhão de euros.» É com estes néctares que cria emoções. Intitula-se "the flying sommelier", porque «andei cinco anos à volta do Mundo». E hoje em dia a rotina não é muito diferente. Em poucos dias pode passar pela Suíça, Paris, Budapeste, Porto, Praga, Berlim, ou mesmo a Madeira onde se tem associado ao festival gastronómico Rota das Estrelas, organizado pelo grupo Porto Bay. 

O seu universo de clientes está entre apreciadores, coleccionadores, pessoas que querem uma experiência de prova de vinhos de qualidade e grandes momentos gastronómicos. «Temos todo o tipo de clientes e trabalhamos com cerca de 60 estrelas Michelin. Há aproximadamente quatro anos somos o escanção para o maior jantar do Mundo com estrelas Michelin , o Bocuse d´Or, que engloba 230 estrelas Michelin». Esta participação dá um toque de alquimia aos eventos. Georges dos Santos não só selecciona vinhos actualmente no mercado, como também organiza momentos em que são provados vinhos raros, difíceis de encontrar. «Faço jantares no Mundo inteiro, que vão de 30 euros a 2 mil ou 3 mil euros por pessoa, à volta de vinhos que já não existem: vinhos portugueses, franceses, alemães, austríacos, chileno, etc.. Tem a ver com possibilidade cultural de ter um vinho fantástico na mesa uma vez na vida, não tendo em conta o preço.»

Quando compra um vinho antigo sabe que está a correr um risco: é como ir a um restaurante e não saber se vamos gostar da ementa que vai ter. Mas os consumidores procuram estas sensações. «Há pessoas com quem abrimos vinhos que estão prontos culturalmente porque já beberam estes tipos de vinho, já aproveitaram, já compreenderam, já estão com a ideia do que está dentro da garrafa e que vão aceitar que está velho e que tem estas declinações: aromas um pouco fracos, velhos, um pouco de madeira, de poeira. Há pessoas que gostam outros que não gostam.» 

No wine bar da sua loja, qualquer pessoa pode provar um vinho português a partir de 5 euros por garrafa, ou francês, a partir de 10 euros. Mas ali também se encontram garrafas que custam 23 mil euros. Para Georges dos Santos estes «são vinhos fora do preço, são vinhos que têm um valor cultural particular. Não importa só falar do preço mas sim do valor cultural. » Mas esses são vinhos que todos podem ter. «A minha reputação deve-se que tenho um stock muito importante de vinhos velhos e há sempre a oportunidade de abrir as garrafas do ano de nascimento da pessoa que chega loja. 

A colecção começou em 1983: «Com os meus 13 anos já comprava vinho». Primeiro guardava as garrafas em casa, longe de pensar no percurso que a vida ia seguir: «Ainda tenho vinhos Madeira em stock, no Porto, por todos os cantos. Mas sempre comprei muito vinho.» Saiu da escola aos 15 anos e decidiu ser cozinheiro. Passou por várias funções e empregos. Trabalhou na Austrália, América, Alemanha, Itália, Espanha, África do Sul e Nova Zelândia: «Adorei ter a oportunidade de dar a volta do Mundo durante cinco anos. Depois estive 3 anos na Inglaterra e agora estou há 12 anos na minha loja, mas faço à volta de duas ou três viagens por mês».

Em relação ao Vinho Madeira, a colecção não é maior porque são vinhos bastante consumidos. «E os vinhos velhos da Madeira são muito difíceis de comprar e a renovação do stock também se torna difícil.»  Para os portugueses deixa o conselho de apostarem no marketing, pois os vinhos são «de grande qualidade. Têm uma grande noção de terroir, de produção, pois não são muitas quantidades». Mas «quando o Português toma decisão de vender o seu vinho, o Espanhol ou o Italiano já fez o seu “Marketing Agréssiv”».