Perfil: Giano Gonçalves

O designer de interiores madeirense tem decorado algumas das mais badaladas festas e espaços e soma mais um prémio à carreira.

No design de interiores, a criatividade é uma característica inerente ao trabalho do artista. Definir tendências, associando o conforto, a estética e a funcionalidade ao mesmo espaço pode tornar-se uma verdadeira dor de cabeça, ou algo do outro mundo.

Desde que começou a sua carreira, Giano Gonçalves tem sido um verdadeiro criativo, reconhecido diversas vezes pelos seus trabalhos. No passado mês de Fevereiro recebeu mais um prémio, da Royal Events, considerados os Óscares do Design de Interiores em Portugal.

Já foi também considerado, em quatro anos distintos, como um dos cem melhores designers internacionais pela Andrew Martin, casa britância ligada ao design de interiores. À Essential Giano revela que é “um orgulho fazer parte disto” mas com o passar do tempo e da idade vai “ligando menos” a esse tipo de reconhecimentos.

Já fez um pouco de tudo. Foi responsável pela decoração de hotéis, restaurantes, festas e casas de luxo, no Porto, na Madeira, em Lisboa, no Dubai ou em Ibiza.

Estudou em Milão, antes de partir para Londres, para trabalhar num atelier orientado para a vertente hoteleira. Na capital inglesa apaixonou-se pelos espaços interiores. Na altura era o responsável pelos SPA’s, pelos restaurantes e pelas discotecas, visto que era o mais novo e a pessoa com “mais vida de discoteca”. Era “a pessoa mais bem formada dentro do assunto”, solta entre sorrisos.

Anos mais tarde, já em Portugal tomou a decisão de começar a trabalhar por conta própria. O seu primeiro grande trabalho foi para a revista social LUX, com a decoração de eventos para cerca de seis mil pessoas. Na altura, recorda, a cara da revista era a modelo e apresentadora de televisão Bárbara Guimarães e “o designer de interiores era eu”. Outros tempos, em que eram gastos cinquenta mil euros para uma só noite. “Hoje em dia isso é impensável” confessa.

Entre os seus grandes trabalhos, destaca o projecto Aquapura Douro Valley Hotel onde teve a oportunidade de decorar as várias vilas que se encontram espalhadas nas margens do Douro.

Na Madeira, o premiado arquitecto, para além de algumas casas de luxo, destaca a Club House do Porto Santo e a Club House do Santo da Serra. É na ilha que tem, desde 1997, a sua loja, Ana D’Arfet, dedicada à decoração de interiores. É também dele a decoração e o tema de uma das festas mais afamadas do ano na Madeira, que se realiza no dia 30 de Dezembro, no Casino da Madeira, organizada por um grupo a que pertence, o grupo do Cabaret do Sabão.

Entre todos os trabalhos que realizou, há um que não lhe sai da memória: “Foi um lançamento de um filme do 007”, Die Another Day, em 2002. Viu o filme “às 9:00 horas da manhã”, recorda, dois meses antes da sua estreia. O objectivo era decorar um espaço para o lançamento. “O chão foi todo alcatifado de branco, as mesas eram cubos de gelos grandes” e havia cisnes de gelo espalhados pela sala. Esse foi o trabalho que mais puxou pela sua “criatividade” e que gostou mais de fazer.

A sua grande inspiração é Philippe Starck, responsável por um dos primeiros hotéis de design do Mundo, o Delano em Miami, na década de 1980. Na altura, o francês tinha criado um espaço onde as pessoas entravam e não tinha “ar de hotel” mas sim de um cenário, explica.

Gosta de quadros antigos, de antiguidades em geral e do barroco. Mas não se prende aos seus gostos nem a uma só linha. Nenhum dos seus trabalhos é igual ao outro, e procura focar-se na relação entre o “sítio geográfico e a sua envolvência”.

Agora aguarda pela licença de abertura do seu mais novo projecto, o restaurante lisboeta Petit Palais, do consagrado Chefe Olivier. Giano explica que foi “muito engraçado trabalhar neste projecto”, que sofreu uma grande componente de restauro, e envolveu pesquisa relacionada com o séc. XVIII, uma verdadeira viagem ao passado. Em relação ao futuro, o madeirense prefere não revelar os seus planos defendendo-se, num tom humorado, que “são todos segredo”.