Churchill & Thatcher: The Madeira Connection

Separados pelo tempo e pelo período da História, Margaret Thatcher e Winston Churchill fazem parte da lista de visitantes ilustres da Madeira.

 

Não será preciso pesquisar muito para encontrar semelhanças entre Winston Churchill e Margaret Thatcher, dois dos mais notáveis estadistas britânicos do século XX. Ambos conservadores, ficaram associados a períodos cruciais da História do país.

Mas o que é mais curioso é que a Madeira é um dos pontos que liga estas duas personalidades. Ambos aqui estiveram, separados por um ano e por quase meio século de fama.

A 30 de dezembro de 1949, pela primeira vez na história da Union Castle Line, o paquete Durban Castle, com escala marcada para o Funchal, retardou a sua largada, do Reino Unido, em vinte minutos por causa de um passageiro. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que Winston Churchill, que viajava para a Madeira acompanhado da sua mulher, Clementine Hozier.

Era a segunda vez que visitava a Madeira. A primeira tinha sido em 1899, a bordo do Dunottar Castle, a caminho da África do Sul, para trabalhar como correspondente de guerra. O regresso, em Dezembro de 1949, acontecia após ter liderado um dos países mais poderosos do mundo, durante a II Guerra Mundial.

Churchill tinha contatado Bryce Nairn, o Cônsul Britânico na Madeira, mostrando a sua intenção de passar algumas semanas na ilha. O objetivo era recuperar de um pequeno acidente vascular cerebral que sofrera durante as suas férias no sul da França, em 1949, e escrever as suas memórias.

O Diário de Notícias do Funchal de 3 de Janeiro reporta a chegada do estadista britânico na tarde de 1 de Janeiro de 1950, vestindo “fato escuro, chapéu de feltro” e com um charuto na mão. Subiu as escadas do Cais da Entrada da Cidade e foi recebido de forma “carinhosa e entusiástica” pela população, relata o jornal.

“Já fui cumprimentado por muitas pessoas no mundo por quem já fiz algo, mas nunca na minha vida tinha sido cumprimentado por pessoas com tanto entusiasmo e pelas quais nunca tinha feito nada.” As palavras de Churchill ficaram célebres e mostram o significado e a importância que teve a sua visita para a ilha.

Quase dois anos depois, em Dezembro de 1951, a jovem Margaret Thatcher, à data com 24 anos, amarava no Funchal a bordo de um hidroavião acompanhada do seu marido, Denis Thatcher, para passar a lua-de-mel no Savoy Hotel.

Cinquenta anos depois, em 2001, Thatcher voltaria à ilha para celebrar os 50 anos de casada, já depois de uma longa carreira política como deputada, ministra, líder do Partido Conservador e primeira-ministra, ou seja, depois de se ter tornado a “Dama de Ferro”.

A previsão de Winston Churchill era permanecer na Madeira durante algumas semanas mas a política obrigou-o a regressar mais cedo a casa, tendo ficado apenas doze dias. As férias foram interrompidas pelo anúncio da antecipação das eleições e Churchill voltou de hidroavião.

Durante o tempo em que esteve na ilha, ficou hospedado no Reid’s Palace Hotel, que honrou a visita atribuindo o nome do político à suite onde ficou. Entre os seus interesses estavam “beber Vinho Madeira e colecionar borboletas” mas “pintar era o seu principal passatempo”, afirma John Chapman, investigador que se dedica a estudar a vida de Churchill e que recentemente esteve na Madeira para algumas palestras. A imagem do estadista a pintar a baía de Câmara de Lobos é um dos ícones da sua passagem pela Madeira.

Já Margaret Thatcher voltou a convite da administração dos hotéis Savoy, numa viagem cheia de nostalgia. A “Dama de Ferro” visitou vários recantos da ilha e passou a quadra natalícia e o final de 2001 na Madeira, tendo assistido ao momento mais mágico do ano para muitos dos madeirenses: O espetáculo pirotécnico.

Na enorme lista de visitantes ilustres contam-se muitos outros nomes da política mundial e até outros estadistas britânicos, como David Lloyd George, primeiro-ministro britânico do pós I Guerra Mundial, que por aqui passou na década de 1920.

Mas há algo especial nas visitas de Churchill e Thatcher, que os britânicos e o Mundo consideram duas das mais influentes personalidades do século XX.