Mais estrelas para a Madeira

Uma segunda estrela para o Il Gallo D’Oro e a primeira para o William…a Essential conta a história do percurso vencedor destes dois restaurantes.

MichelinIlgallo
MichelinWilliam
MichelinIlgallo
MichelinWilliam

 

Na noite de 23 de novembro, foi difícil conter a euforia na sala dos restaurantes William e Il Gallo D’Oro. Em Girona, Espanha, a cerimónia de divulgação dos restaurantes distinguidos com estrelas no famoso Guia Michelin inquietava as equipas no Funchal. E foi à hora do jantar que as novidades chegaram: o William conseguia a primeira estrela; o Il Gallo D’Oro alcançava a segunda.

Na primeira reação, ainda em Girona, Benôit Sinthon, o Chefe francês que escolheu a Madeira para viver não deixou de pensar “em todos os que estão neste projeto”. A obtenção da segunda estrela era já alada. A consistência do trabalho da equipa nota-se e a convicção mais ou menos assumida era de que a segunda estrela seria uma questão de tempo. A Michelin considera que a cozinha de Benoît Sinthon se destaca pelas "incríveis notas de autor que adiciona à cozinha clássica e internacional”.

Para António Trindade, CEO da PortoBay Hotels & Resorts, o grupo a que pertence o restaurante, "este é o resultado final de uma grande corrida de fundo”, iniciada há quase uma década. O Il Gallo D’Oro está no Mundo das estrelas desde o guia de 2009. Desde então tem investido na qualidade e na evolução que tem frutos e vários prémios para além das estrelas.

O Chefe, Benôit Sinthon, diz-se “muito honrado” porque a segunda estrela demonstra que “o Il Gallo d´Oro apresenta uma cozinha original e de autor que garante a quem nos visita uma grande experiência.”

Após oito anos sozinho, o Il Gallo D’Oro, no hotel The Cliff Bay, vê chegar companhia madeirense à constelação Michelin.

 

O William é um restaurante mais recente. Nasceu em junho de 2015 com uma ambição assumida desde a primeira hora, pelo Diretor-geral Ciriaco Campus e por Luís Pestana e Joachim Koerper: o primeiro, chefe-executivo do Belmond Reid’s Palace, onde o William abriu portas; o segundo, o mentor e muito mais do que um consultor, que viu o potencial na equipa para assumir a ambição.

Dezasseis meses depois o reconhecimento chega. “Estamos muito orgulhosos” confessa Ciriaco Campus. “Este prémio é o resultado do compromisso e da paixão de toda a equipa, que se empenhou em oferecer uma cozinha contemporânea, com ingredientes locais e de qualidade, confirmando que o Belmond Reid’s Palace é um ícone.”

A Michelin destaca a elegância da cozinha de Luís Pestana, que assume ser apenas “o rosto de uma equipa”, uma espécie de maestro, numa cozinha criativa, de autor.

A conquista de mais estrelas é importante para o turismo da Madeira e um marco na gastronomia da ilha. Ajuda a promover e projeta uma imagem de qualidade. Mas há muito que Benôit Sinthon e Luís Pestana trabalham, em conjunto com vários chefes, na afirmação da identidade de uma nova cozinha madeirense. Divulgam os produtos e a sua qualidade e incentivam os produtores a diversificar a oferta e a aumentar as opções no mercado local. O resultado traduz-se em qualidade dos produtos, um dos critérios que a Michelin considera.

O guia Espanha & Portugal 2017, onde constam as distinções para a Madeira, tem um recorde de estrelas portuguesas. São 26, distribuídas por 21 restaurantes (no ano anterior foram 17 estrelas em 14 restaurantes). Cinco restaurantes têm duas estrelas e dezasseis apresentam-se com uma estrela, representando sete novas entradas em relação à edição de 2016 (três restaurantes com duas estrelas e 11 com uma estrela). Mayté Carreño, diretora comercial da Michelin considera “um ano histórico para a restauração e gastronomia portuguesa”.

Portugal ainda não tem nenhum restaurante com três estrelas. Na categoria de duas estrelas ('mesa excelente, merece um desvio'), as novas entradas são o The Yeatman (Vila Nova de Gaia) e o Il Gallo D'Oro (Funchal).

Com uma estrela ('cozinha de grande fineza, merece uma paragem'), são novidade: Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira), Alma (Lisboa), Loco (Lisboa), William (Funchal), L'And Vineyards (Montemor-o-Novo, recuperando a estrela que perdera na edição anterior), Antiqvvm (Porto) e Lab by Sergi Arola (Sintra).
As estrelas são definidas a partir de visitas dos 12 inspetores do chamado 'guia vermelho' para a Península Ibérica. São avaliados critérios como a qualidade dos produtos, o ponto de cozedura, os sabores, a criatividade, a regularidade da cozinha e a relação qualidade/preço.

Criado no início do século XX para ajudar os viajantes nas suas deslocações, o Guia Michelin é hoje considerado uma referência mundial na qualificação de restaurantes. Portugal entrou no roteiro em 1910.



Lista dos restaurantes portugueses distinguidos pelo Guia Michelin Espanha e Portugal 2017:


Com duas estrelas:

- Il Gallo d'Oro, Funchal, Chefe Benoît Sinthon

- Ocean, Porches, Chefe Hans Neuner

- Vila Joya, Albufeira, Chefe Dieter Koschina

- Belcanto, Lisboa, Chefe José Avillez

- The Yeatman, Vila Nova de Gaia, Chefe Ricardo Costa


Com uma estrela:

- William, Funchal, Chefe Luís Pestana

- Alma, Lisboa, Chefe Henrique Sá Pessoa

- Antiqvvm, Porto, Chefe Vítor Matos

- Loco, Lisboa, Chefe Alexandre Silva

- Lab by Sergi Arola, Sintra, Chefe Sergi Arola

- Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira, Chefe Rui Paula

- L'And Vineyards, Montemor-o-Novo, Chefe Miguel Laffan

- Willie's, Vilamoura, Chefe Willie Wurger

- Largo do Paço, Amarante, Chefe André Silva

- Pedro Lemos, Porto, Chefe Pedro Lemos

- Fortaleza do Guincho, Cascais, Chefe Miguel Rocha Vieira

- Eleven, Lisboa, Chefe Joachim Koerper

- São Gabriel, Almancil, Chefe Leonel Pereira

- Bon Bon, Carvoeiro, Chefe Rui Silvestre

- Feitoria, Lisboa, Chefe João Rodrigues