A Quinta Vigia

Começou por chamar-se Quinta das Angústias, serviu de casa de aluguer para aristocratas e atualmente é a sede da presidência do Governo da Madeira.

As sugestões que constam deste artigo devem servir de inspiração para o dia em que forem retiradas as restrições à liberdade de circulação. Para já colabore com as autoridades. Fique em casa! Ajuda o Mundo a vencer a Covid-19.

 

Já teve outras denominações. Por lá já passaram importantes figuras históricas. Atualmente serve de sede à Presidência do Governo Regional da Madeira.

Apesar de se chamar Quinta Vigia, esta propriedade nem sempre se designou assim. A sua origem remonta ao seculo XVI, onde em documentos se referem utilizações agrícolas nos terrenos. Recebe, mais tarde, a denominação de Quinta das Angustias, devido à existência nesse morgadio de uma capela dedicada a Nossa Senhora das Angustias instituída segundo alguns autores, pelo sargento-mor do Funchal e sua mulher D. Mecia de Vasconcelos.

No século XVIII a Quinta das Angústias torna-se propriedade de D. Guiomar Vilhena, influente mulher de negócios madeirense, com importantes interesses no comércio de vinhos, que constrói uma casa de planta retangular e gosto barroco, com uma varanda coberta num dos lados e do outro a capela maneirista.

A quinta servia para a empresário controlar o movimento no Porto do Funchal, ao qual aportavam muitos dos navios de que era proprietária. Para isso constrói um mirante torreado, com elementos maneiristas, que viria a ficar com o nome da sua mentora.

Com o passar dos anos as terras de produção agrícola dão lugar a jardins tropicais, ricos em variedade e número de flores e árvores, acompanhando os gostos da época, como também no edifício acontecem obras, das quais se destacam os painéis de azulejo, instalados na varanda coberta a sul.

Pela sua localização, sobranceira ao mar e perto do centro da cidade do Funchal, a Quinta das Angústias torna-se, no início do século XIX, na quinta de aluguer mais cara da Madeira, procura pela aristocracia europeia.

Em 1849, desembarca no Funchal, o príncipe Maximiliano, duque de Leuchtenberg, genro do czar Nicolau I, da Rússia, que se instala na quinta, com a sua comitiva e por ali ficam quase um ano. A estadia serviu para restabelecimento da saúde, aproveitando o clima ameno que a Madeira proporcionava e que se acreditava ajudar na recuperação de doenças pulmonares.

Mais tarde, em 1852, a Imperatriz-viúva do Brasil. D. Amélia e a filha, a Princesa D. Maria Amélia, também se instalam na quinta. A princesa sofrendo de tuberculose, procura tal como o seu tio, o príncipe Maximiliano, restabelecer-se. Mas devido ao estado já bastante avançado da doença, vem a falecer em Fevereiro de 1853.

Mais tarde, a quinta foi comprada pelo Conde de Lambert, que muda o nome para Quinta Lambert e realiza obras. A casa passa a ter um corredor e uma nova ala em estilo neoclássico. E continua a vocação de quinta de aluguer, tendo recebido, entre outros, o cientista alemão Paul Langerhans, que ali teve a sua morada final.

Mais para o fim do século a quinta retorna, por herança, a proprietários portugueses e acabou devoluta durante uma parte do século XX.

Em 1979 é adquirida pela Região Autónoma da Madeira, para aí instalar a Presidência do Governo Regional. Em 1981 é realizado o projeto de reabilitação de todo o edificado bem como dos jardins que a rodeiam.

A atual designação, Quinta Vigia, advém de uma resolução governamental de 1982, e é oficialmente inaugurada como Presidência do Governo Regional da Madeira em 1984.

A Quinta das Angústias herdou o nome da propriedade vizinha, a verdadeira Quinta Vigia, em cujo lugar foi construído o hotel Pestana Casino Park.

O acesso à Quinta Vigia tem regras. Os jardins podem ser visitados, mediante o pagamento de uma entrada. Mas o acesso o edifício é condicionado, por ser um edifício de representação.


Artigo originalmente escrito em julho de 2019. (Edição N.º 75, agosto/setembro)