Oscar Niemeyer: o poeta das linhas curvas

Considerado um dos maiores do Brasil, Oscar Niemeyer dominou como ninguém a linha curva, deixando marca na Madeira.

 

“Não é o ângulo reto que me atrai,
Nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem. 
O que me atrai é a curva livre e 
sensual. A curva que encontro nas 
montanhas do meu pais, no corso sinuoso
dos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo
da mulher amada.
De curvas é feito todo o Universo
O Universo curvo de Einstein.”

Poema da Curva, 1988 por Oscar Niemeyer

Falamos de Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, ou simplesmente Oscar Niemeyer. Nasceu a 15 de Dezembro de 1907, no Rio de Janeiro e faleceu em 2012 na mesma cidade, com a idade de 104 anos. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e em 1934 terminou o curso, onde obteve o diploma de engenheiro-arquiteto.

Inicia a sua actividade profissional em 1935, no gabinete de Lúcio Costa, parceria que duraria bastante tempo e que produziu algumas das obras mais importantes da história da arquitectura moderna, onde integra a equipa que elabora o projecto do Ministério da Educação.

É através de Lúcio Costa que conhece Le Corbusier, que foi ao Rio de Janeiro, actuar como consultor nos projectos do Ministério da Educação e Saúde, edifício emblemático da arquitectura brasileira e da cidade Universitária. Niemeyer sofre a influência de Le Corbusier e inclusive mais tarde, chegam a colaborar em projectos.

Em 1937 é construído o seu primeiro projecto, a Obra do Berço. Em 1939 e também com Lúcio Costa, faz o projecto do pavilhão brasileiro na Feira Mundial que se realizava em Nova Iorque.
Da sua obra, podemos destacar o Complexo de Pampulha, onde conheceu Juscelino Kubitschek, conhecido por JK, na altura prefeito de Belo Horizonte e que mais tarde, quando foi eleito Presidente do Brasil, convida Oscar Niemeyer para projectar a nova capital do Brasil, Brasília. JK também o nomeia diretor do Departamento de Urbanismo e Arquitectura da Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília.

Com a instalação da ditadura militar, sai do país e decide ir aceitando vários convites internacionais para projetos: Sede da Editora Mondadori (Itália); Universidade de Constantine (Argélia); Centro Cultural de Le Havre (França), entre outros.

Em Portugal, embora não tenha a sua assinatura nos desenhos, Oscar Niemeyer, desenhou, ou como ele afirmou em entrevista a um semanário português, fez um projecto a uma escala pequena que depois foi desenvolvido e alterado por um arquitecto português, Viana de Lima, formado no Porto, fazendo com que não o considerasse como sendo dele, mas sim do colega português.
Falamos, claro está, do Casino Park Hotel, que inclui um casino e uma sala de congressos. Foi encomendado pela Sociedade de Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira, propriedade da família Barreto ao arquiteto brasileiro. Apalavrado em 1966, as obras só começaram seis anos depois e a 3 de outubro de 1976 foi finalmente inaugurado.

Sobre este edifício existe uma publicação, intitulada “O Nosso Niemeyer”, onde é contado com mais pormenor a história do projecto e sua construção.

Com o abrandamento da ditadura, Oscar Niemeyer regressou ao Brasil, onde continuou a trabalhar até pouco tempo antes da sua morte. Logo aquando do seu regresso, em 1980, projectou o Memorial Juscelino Kubitschek em Brasília. Em 1984 realiza o projecto do Sambodromo. A sua capacidade de trabalho era notável, e em 1991 projecta o Museu de Arte Contemporânea de Niteroi, onde mais uma vez retira a impressão de peso e esforço estrutural dos seus edifícios, fazendo com que os mesmos pareçam que estão aterrando suavemente.

Continua a criar e a desenvolver variados projectos até bem perto da sua morte. De acordo com a Fundação Niemeyer, em 2009 termina o projecto, entre outros, da Biblioteca dos Países Árabes e da América do Sul em Argel, capital da Argélia.