A Madeira de Raul Gonçalves

A Essential perguntou ao director do Hotel Quinta da Serra o que faz a Madeira ser "sua".


 

Gostava de começar este artigo referindo que a Madeira é, por opção, a minha terra, o lugar onde quero e gosto de viver e que tão bem me adotou há já mais de 35 anos.

A minha paixão por esta ilha e pelas suas gentes começou em 1969 quando cá vim pela primeira vez. Uma experiência que me marcou imenso e da qual me recordo muito bem, pois foi a primeira vez que viajei de avião, além do mais fi-lo sozinho, entregue à hospedeira, como então se chamava aos profissionais que tão bem nos sabem, ainda hoje, acarinhar nas nossas viagens.

Foi uma aventura que repeti todos os anos, a partir dessa data, nas minhas “férias grandes”, vindo sempre passar longas temporadas à casa dos meus avós, na Virtudes em São Martinho. As melhores lembranças que tenho desses tempos são as idas ao Clube Naval do Funchal, onde juntamente com os meus primos e amigos vivíamos grandes aventuras, quer a fazer mergulho, quer a fazer novas amizades.

A decisão de para cá vir viver aconteceu naturalmente, em 1979, revelando o quanto gosto desta terra e a forma como sempre me senti “em casa” aqui.

Gosto imenso de todos os recantos desta ilha, pois faço muitos passeios com a família, mas tenho um lugar que, por todos os motivos, me parece especial: o Fanal.

É um lugar onde vou regularmente, quer no verão mas sobretudo no inverno, para recarregar as minhas energias, absorver a paisagem e perder-me em contemplação daquelas árvores tão antigas, geralmente envoltas em neblina e onde os odores se misturam, fazendo-me relembrar a infância, quando brincava nos campos e sentia o cheiro fresco das flores silvestres.

Aqui passo algum tempo com a família, fazendo picnics ou apenas passeando, fotografando a Natureza, conversando sobre tudo apenas contemplando. A energia e mística deste lugar fazem-me sentir revigorado e pronto para mais uns dias de trabalho e preocupações.

O Fanal é, assim, um dos recantos ainda pouco explorados da nossa ilha, e que aconselho a visita, sempre respeitando o lugar e a Natureza.

É esta a “Minha Madeira”.