A qualidade de vida é um fator de competição entre as cidades, ao ponto de valer a pena perguntar se caminhamos para o regresso das cidades-estado?
Assistimos atualmente a uma nova realidade que é a concorrência entre as cidades. Mais! Até poderemos dizer que em certos casos há competição entre países em matéria de atratividade, no sentido de cativar não só mais turismo, como também mais investimento, mais emprego, mais notoriedade. Podemos questionarmo-nos, inclusive, se estaremos a caminhar as cidades-estado?
Poderemos dizer que o fator que engloba toda essa atratividade, será a qualidade de vida, num sentido, o mais lato possível. Esse fator, que de uma forma geral temos a tendência de associar a questões de saúde e ou longevidade, é desde há algum tempo visto como tendo uma característica multidisciplinar, que abarca vários temas.
Então como poderemos definir qualidade de vida? Parte dos fatores estão sujeitos a avaliações subjetivas. A multidisciplinaridade da qualidade da vida é medida em aspetos da vida quotidiana como saúde, habitação, emprego, ambiente, economia, urbanismo, ou ainda a cultura, entre muitos outros.
Foquemo-nos no que diz mais respeito à qualidade de vida dentro das cidades. O desejo, a ideia, de melhorar a qualidade de vida de um lugar, para um indivíduo ou grupo populacional é uma matéria fulcral, importante, para quem “desenha as cidades”, um processo que deixou de ser simplesmente uma questão de “tijolos e cimento”.
Passou a ser uma questão de tentar satisfazer e pôr ao serviço do cidadão todos os atributos urbanos: Transportes, qualidade dos espaços públicos e de lazer, preocupações com a densidade populacional e de construção, e também os vários tipos de atividades. Um acesso fácil a serviços como a saúde, a educação ou a segurança, são também importantes.
A promoção da inclusão, respeitando as diferenças culturais e promovendo a igualdade, bem como aumentando a acessibilidade para as pessoas com dificuldades de locomoção, o respeito pelo meio ambiente, são assuntos que se tornaram também pertinentes.
A conectividade com a Internet, ou a possibilidade do uso das novas tecnologias e gadgets, de uma maneira generalizada são um fator muito importante em algumas escolhas e apostas.
A conservação dos edifícios e espaços históricos, a defesa da cultura e seus costumes, fazem também parte da qualidade de vida das cidades, e bastantes vezes são estas as características que mais as diferenciam… mas não só!
A competitividade salutar entre as cidades e a sua transformação em grandes cidades, no sentido de mais qualidade e a manutenção dessa qualidade, deixaram de ser tão influenciadas por grandes planos gerais urbanístico, mas sim pela promoção e apoio a novas ideias, oportunidades que ajudam ainda mais a diferenciação e trazem uma nova capacidade de atração.
São estas diferenças que, conjugados com as outras características materiais e imateriais tornam as cidades, lugares com níveis elevados de qualidade de vida e com grande capacidade de atrair pessoas, turismo, negócios e investimento.