Dois toques de Nini

Dois hotéis com muito pouco em comum são a mais recente marca da criatividade da designer de interiores Nini Andrade Silva no Funchal.

As sugestões que constam deste artigo devem servir de inspiração para o dia em que forem retiradas as restrições à liberdade de circulação. Para já colabore com as autoridades. Fique em casa! Ajuda o Mundo a vencer a Covid-19.

 

O que têm em comum o Savoy Palace e o Le Petit Hotel Caju? Quase nada, além de estarem na mesma cidade, o Funchal e serem os mais recentes projetos da reconhecida designer madeirense Nini Andrade Silva, na sua terra natal.

No Savoy Palace a decoração inspira-se na Belle Époque. No Le Petit Hotel Caju é posta em evidência a versatilidade do espaço. “São projetos completamente diferentes”, conclui Nini Andrade Silva à Essential, ao mesmo tempo que ressalva que “conseguimos sentir a mesma grandeza em ambos, pois não é aquilo que se vê, mas sim o que se sente”.

Na Avenida do Infante, o Savoy Palace não passa despercebido, ou não fosse o maior hotel da Madeira. A decoração recria a herança de mais um século de história da marca Savoy na Madeira. É um “classicismo moderno adequado à contemporaneidade”, explica a designer de interiores.

A decoração foi “completamente inspirada na arte e cultura da Madeira em total harmonia com os recursos culturais da ilha” fazendo uma fusão entre a Belle Époque e harmonizando o património natural com o imaterial introduzido. “Entrar neste hotel, é como entrar num outro mundo, com destaque para a importância do conceito criativo que agarrou o espaço como um todo”.

Nini Andrade Silva destaca a presença, em todo o hotel, de elementos ligados à ilha da Madeira, como as levadas e túneis antigos, o bordado Madeira, os vimes, o vinho Madeira. O projeto de design de interiores dá ênfase à Natureza. Desde o grande hall principal, com vista para o jardim com espécies autóctones e semi-tropicais, cascatas de água e levadas em todas as zonas sociais do piso de entrada.

Há fotografias antigas alusivas à Madeira, visíveis em zonas de convívio, que se tornam facilmente tema de conversa entre os hóspedes.

Na receção os olhos viram-se para o grande candelabro e um espelho de grandes dimensões, que contribuem para a ilusão do espaço ser ainda amplo.

Nas áreas comuns dominam cores vivas, com curvas sinuosas na forma de plantas, animais e mulheres, a que se juntam ornamentos baseados na Art Nouveau.

A outra unidade hoteleira marcada pela inspiração de Nini, é o 4 estrelas Le Petit Hotel Caju by The Vine. Situa-se entre na esquina entre a Rua da Carreira e Rua do Surdo, num edifício histórico recuperado, que por causa disso ganhou um “carácter jovem. É um hotel urbano, descontraído, confortável e super trendy”, considera Nini Andrade Silva.

Como no edifício existiu uma mercearia tradicional com o nome Caju, o projeto de interiores foi “inspirado numa antiga mercearia com detalhes exclusivos e cuja expressividade se faz sentir através de um jogo de sentidos”, explica.

A receção e o restaurante são um espaço aberto, que permite a circulação livre e dá uma ideia de mais espaço. Em diversas zonas no edifício foram deixadas à mostra paredes em pedra ou lajes em betão.

Na casa de banho social nota-se o toque de Nini. O lavatório distingue-se por ter a forma de dois cajus divididos por um espelho que separa os géneros.

Nos quartos, há um contraste entre os materiais. Betão e pedra, madeira e têxteis. Marcado pela mesma temática em todo o hotel, a escolha de cores é neutra misturada com alguns detalhes em cores mais vibrantes. Aqui apostou-se pelo conforto dos móveis, tapetes e iluminação.

E se às vezes parece difícil encontrar ideias tão diferentes e tanta inspiração, Nini Andrade Silva faz parecer o processo simples: “A inspiração nasceu comigo. Na realidade é fácil porque é um exercício que pratico vinte e quatro horas por dia! Veio comigo ao mundo e vive comigo!”.

 

Artigo originalmente escrito em fevereiro de 2020 (edição N.º 78 fevereiro/março)