Bugatti: A construção de lendas

A Bugatti tem vindo a desvendar as mais recentes edições especiais do seu desportivo de super luxo. Chamam-se lenda e o nome não poderia ser mais apropriado.

Rembrandt Bugatti
Bugatti Meo Costantini
Rembrandt Bugatti interior
Rembrandt Bugatti

Ettore Bugatti via-se a si próprio como um artista e toda a família Bugatti era formada por talentosos engenheiros e génios criativos. Ettore desde cedo desenvolveu uma paixão pela engenharia automóvel e fundou a marca com o seu nome em 1909. Uma construção pautada pela leveza e integridade mecânica foram as pedras basilares dos seus carros, que rapidamente começaram a participar nos mais importantes eventos do mundo. Apenas vinte anos após ter erguido a sua fábrica em Molsheim, Ettore Bugatti viu um Type 35B vencer o primeiro Grande Prémio do Mónaco da história. A esse feito extraordinário a Bugatti juntava outro ainda maior – porventura o maior de sempre – oito anos depois, quando Pierre Wimille e Robert Benoist concederam a imortalidade à marca enquanto vencedores das 24 Horas de Le Mans. Wimille tornou-se um duplo vencedor dois anos mais tarde, desta vez partilhando um Type 57S com Pierre Veyron.

Os direitos comerciais da marca foram adquiridos pela Volkswagen em 1998, com o objectivo de criar o automóvel mais impressionante que o mundo alguma vez vira. O Bugatti Veyron foi apresentado em 2005 como uma maravilha da técnica e da tecnologia, cumprindo todos os requisitos a que se propôs. Debaixo do capot estava um motor de 16 cilindros em W com 8 litros, quatro turbo-compressores e uns nunca antes vistos 1001 cavalos de potência. A transmissão de dupla embraiagem de sete relações e atracção integral permanente eram outros dois elementos fundamentais na engenharia do Veyron, contribuindo em definitivo para resultados que vaporizaram tudo e todos: velocidade máxima de 408km/h, fazendo deste o mais rápido automóvel do mundo, 100km/h em 2.46 segundos, 200km/h em 9.8 segundos e 300km/h em 16.7 segundos.

O novo Bugatti tornou-se num clássico instantâneo e num ícone de engenharia industrial e design automóvel, mas os engenheiros queriam ainda mais e, em 2010, a marca lançou o Veyron Super Sport, uma interpretação ainda mais extrema do conceito original. Alterações no motor e na aerodinâmica aumentaram a potência para uns estratosféricos 1200 cavalos, enquanto a velocidade máxima subiu até aos 431km/h durante um teste para o Guinness Book of Records na pista privada da Volkswagen em Ehra-Lessien. Ao longo do seu ciclo de vida o Veyron conheceu várias edições especiais, mas as últimas são, provavelmente, as mais interessantes. Denominadas Les Legendes de Bugatti, honram as mais importantes personagens na história da empresa.
Baseadas no modelo Grand Sport Vitesse, a versão roadster do Super Sport (e, consequentemente, o mais rápido roadster do mundo), os modelos Legendes serão fabricados em grupos de apenas três carros por versão. O Dr. Wolfgang Schreiber, Presidente da Bugatti, Automobiles S.A.S., explica que “esta marca foi, em larga parte, definida por perso na gens extraordinárias e momentos que ressoam na história. Queremos contar o percurso da marca através destas lendas da Bugatti, ao mesmo tempo que criamos uma ligação entre o passado e o presente”.

O primeiro modelo a ser conhecido foi o Jean-Pierre Wimille, com o carro em que ganhou as 24 Horas de Le Mans em 1937 a servir de inspiração. O Type57G Tank apresentava o tradicional azul identificativo dos carros de competição franceses, cobrindo agora a carroçaria em fibra de carbono do Veyron num tom apropriadamente designado por Wimille Bleu. A segunda lenda presta homenagem a Jean Bugatti, filho do fundador Ettore Bugatti e criador do famoso Type 57SC Atlantic, um dos mais belos, raros e valiosos automóveis jamais produzidos. O objectivo era seguir o conceito do carro de origem, como atesta o acabamento em preto-Jet e a utilização de platina na famosa grelha em forma de ferradura.

A colecção continua com o Veyron Meo Costantini. Amigo íntimo de Ettore Bugatti, venceu a famosa corrida Targa Florio por duas vezes e liderou a equipa de competição durante vários anos. A pintura azul referência de novo as cores francesas, assim como o Type 35, enquanto o novo Azul Dark Sport foi especialmente criado para o modelo. Os elementos em alumínio são polidos à mão, bem como o envernizamento de toda a carroçaria.

O quarto de seis lançamentos foi dedicado a Rembrandt Bugatti, irmão do fundador e um escultor prolífico que contribuiu para os ideais de beleza de Ettore. Achim Anscheidt, designer-chefe da marca, refere que “a patina, a alma e o carácter manual da execução das suas esculturas guiaram-nos na escolha das cores e dos materiais deste modelo”. O Rembrandt é maioritariamente composto por uma tonalidade bronze que reflecte o material de eleição na obra do artista, com um acabamento inferior em castanho Noir e a grelha maquinada em platina. O lendário Type 18 Black Bess foi o ponto de partida para a quinta lenda Veyron.

Pioneiro em termos de super-desportivos para a estrada, foi conduzido pelo próprio Ettore Bugatti em algumas provas com resultados de relevo. A marca desenvolveu um processo completamente novo de pintura manual da pele interior, com resultados inigualáveis. O volante evoca memórias do modelo original, a grelha frontal é feita em ouro de 24 quilates e a fibra de carbono acabada exclusivamente em preto. Falta ainda apresentar a última das Legendes de Bugatti, que também ditará o fim da produção do magnífico Veyron, depois de 450 unidades produzidas. É um fechar de ciclo que ficará marcado na história do automóvel e que serve também para relembrar que a ingenuidade humana é imparável e sempre, sempre surpreendente.