O maior festival de jazz de Portugal volta ao palco habitual no Parque de Santa Catarina, com seis concertos em três noites.
Vencedores e nomeados para Grammys e outros prémios, nomes consagrados, estrelas em ascensão. Depois de encontrada a receita e unidos os ingredientes, o Funchal Jazz Festival mantém, ano após ano, um produto final reconhecido e apreciado pela crítica. O propósito é assumido pelo diretor artístico Paulo Barbosa, para quem o nível da programação artística deve ser “tão elevado quanto possível”.Tudo tem a ver com música, explica: “a música faz o momento, mas, no jazz, e principalmente quando tocado ao vivo, o momento também faz a música”. Por isso não é preciso “inventar muito”, desde que “sejam programados músicos que são eles próprios grandes artistas e, portanto, grandes ‘inventores’, grandes criadores em cada momento em que pisam um palco”.
“Este ano não será diferente”, assume o responsável em entrevista à Essential, confiante de que os seis espetáculos programados para o palco principal do Parque de Santa Catarina, nos dias 11, 12 e 13 de julho vão honrar a tradição. Ben Wendel, Gregory Porter, João Barradas, Terence Blanchard, Melissa Aldana, ou Dianne Reeves estão entre os cabeças-de-cartaz, alguns são regressos à Madeira.
Da presença destes artistas e respetivas formações em palco, Paulo Barbosa espera surpresas “através da improvisação, da comunicação espontânea entre os músicos, da forma como se desafiam e reagem uns aos outros e também, sem dúvida, da comunhão com o público na qual esta música é tão nobre e especial”.
O primeiro concerto está a cargo da banda Ben Wender Seasons, que além de Ben Wendel, nomeado para um Grammy, reúne Gilad Hekselman na guitarra, Aaron Parks no piano, Matt Brewer no contrabaixo e Kendrick Scott na bateria. A proposta é uma interpretação inspirada nas estações do ano.
Segue-se cantor de soul-jazz Gregory Porter, com Tivon Pennicott, no saxofone tenor, Albert ‘Chip’ Crawford no piano, Jahmal Nichols no contrabaixo e ainda Emanuel Harrold na bateria.
A 12 de julho, João Barradas, um dos acordeonistas portugueses mais reconhecidos, com apenas 21 anos, junta-se a Ben Van Gelder no saxofone alto, Simon Moullier no vibrafone, Luca Alemanno no contrabaixo e Naíma Acuña na bateria.
O palco pertence depois ao trompetista multipremiado Terence Blanchard num tributo a Art Blakey, acompanhado por Charles Altura na guitarra, Fabian Almazan no piano, David Ginyard no baixo elétrico e Oscar Seaton na bateria.
No último dia do festival sobe ao palco Melissa Aldana Quartet, em que a premiada saxofonista procura mostrar a sua experiência como mulher, num mundo dominado por homens. O quarteto é ainda composto por Lage Lund na guitarra, Pablo Menares no contrabaixo e Kush Abadey na bateria.
O Funchal Jazz encerra com a consagrada cantora norte-americana Dianne Reeves, acompanhada por Romero Lubambo na guitarra, Peter Martin ao piano, Reginald Veal no contrabaixo e baixo elétrico e Terreon Gully na bateria.
O Funchal Jazz continua a ser “por larga margem, o maior festival de jazz em Portugal em termos de público e, sem dúvida, um dos mais reconhecidos e apreciados fora de portas”, refere Paulo Barbosa, que destaca a importância atribuída ao evento por músicos e agentes dos Estados Unidos, de onde a maior parte dos participantes é originária.
“Não sabemos prever exatamente quantas pessoas irão estar este ano no Parque de Santa Catarina, mas, como referi, com o programa que conseguimos reunir, esperamos (e precisamos de) mais público do que nunca!”, conclui o diretor artístico.
Após os concertos o Scat volta a acolher as jam sessions que este ano contam com um quarteto anfitrião, composto pelo guitarrista Nuno Ferreira, o contrabaixista António Quintino e o baterista Luís Candeias, ao qual se junta o saxofonista João Mortágua, que Paulo Barbosa considera “um dos mais espantosos improvisadores de sempre do jazz feito em terras lusas”.