O glamping chegou à Madeira através de dois empreendimentos situados na Calheta que a Essential foi conhecer.
A 572 metros de altitude não há barreiras que impeça a vista para o mar. Por detrás do portão do número 138 do Caminho dos Serrões, no Estreito da Calheta, estende-se um jardim pontuado por cinco pequenas casas, estilo bangalós. À volta, um pouco de tudo, desde o oceano a perder de vista, ao verde da Natureza, à paisagem agrícola e até às nuvens, por vezes baixas, que envolvem a propriedade.
Podia ser um hotel, mas não é. O nome desmistifica o conceito: Calheta Glamping Pods. Abriu ao público em outubro de 2019, como o concretizar de uma ideia de família. O que antes era uma produção agrícola transformou-se num espaço que oferece muito mais do que alojamento.
O nome glamping é o resultado de uma combinação das palavras camping e glamour. O conceito tem como base o contacto com a natureza, a paz e a tranquilidade que associamos a um acampamento. Mas depois oferece o conforto e a qualidade de uma unidade hoteleira. Desta forma é possível ter o melhor de dois mundos, ou seja, usufruir da Natureza sem ter de levar todo o equipamento necessário, incluindo as tendas.
O Glamping instalou-se em Portugal há cerca de cinco anos. E na Madeira há cerca de dois.
No Calheta Glamping Pods Francisco Serrão assume o papel de anfitrião. É ele quem recebe os clientes e mostra a propriedade, incluindo as casas, escolhidas após uma longa procura, “sobretudo porque são madeiras provenientes de fontes sustentáveis”, e pelo facto de os módulos serem “personalizáveis” permitindo “um desenho à nossa maneira”.
Resultaram cinco casas, estrategicamente distribuídas pelo espaço, com vista para o mar, alpendre e com todo o conforto que era esperado num hotel: aquecimento nos quartos, internet, smart tv, casa de banho e kitchenette. E como os pormenores fazem a diferença, Francisco Serrão disponibiliza ainda em cada quarto uma cama de rede, para descontrair no alpendre e contemplar o pôr- do-sol.
Aqui reina a paz e sossego. À noite o silêncio é quase absoluto. Só é quebrado pelo coaxar das rãs no poço, e pelo cantar dos grilos. À volta das casas há um jardim em crescimento, que nos faz sentir verdadeiramente no meio da natureza. Há um pinheiro bem grande em frente, que se funde na moldura de uma das varandas. O céu oferece mais luz que os candeeiros da rua. Um verdadeiro retiro.
Pela manhã, a luz produz cores igualmente bonitas. O nascer-do-sol vem acompanhado pelo chilrear dos melros pretos ali à volta, que adoram pousar no grande pinheiro, quase que como dando bom dia aos forasteiros.
Depois somos ainda surpreendidos pelo bater à porta de quem vem deixar o pequeno-almoço num saquinho de pano, como faziam os padeiros antigamente.
À volta não faltam trilhos e paisagem rural para explorar. A Calheta, na zona oeste da Madeira, é fértil em lugares cénicos e vistas únicas. É uma das zonas em que o turismo mais se tem desenvolvido nos últimos anos, através de projetos que procuram ter uma atitude amiga da natureza e sustentável.
Mas para quem procura um puro retiro basta deixar-se ficar na piscina, a única zona do Calheta Glamping Pods que indica não ter acesso à Internet, um sinal que o descanso é a palavra de ordem.
Curiosamente estas duas opções de glamping na Madeira situam-se na Calheta. A cerca de 10 minutos do Calheta Glamping Pods, na freguesia doa Prazeres, Germana Francisco abre a porta do Soul Glamping, o concretizar de um sonho, tornado realidade em 2018.
Após viver quase 17 anos em Londres, a proprietária queria regressar à Madeira, trazendo consigo uma ideia inovadora, algo diferente, que não existisse na ilha, mas permitisse usufruir “da paz e da natureza”.
Uma casa em pedra funciona como receção e sala de apoio aos pequenos-almoços que “são preparados e levados até aos clientes”.
Para os hóspedes existem cinco tendas, instaladas numa área com bastante exposição solar – os domes. Cada dome é um T0, pensado para ser acolhedor, onde os detalhes foram tidos em conta, incluindo um jacúzi privativo em cada um.
Germana Francisco conta que fez questão de procurar as melhores tendas, que se adaptassem ao clima da Madeira. “São tendas com isolamento de raios solares, e resistentes ao vento”.
Para este ano, no verão, Germana Francisco pretende alargar o projeto, montando “mais cinco tendas, num outro local” ainda por revelar.
A vista é ampla e arrebatadora. Virados para o mar, o local permite desfrutar do nascer-do-sol à esquerda, e o pôr-do-sol à direita. Em redor há pastagens e campos agrícolas e várias casas recuperadas, algumas delas moradias de férias. Por aqui emana ar puro e a tranquilidade que muitos procuram.