As coleções de Primavera-Verão 2016 estão ao rubro.
Da camisa de dormir rendada, aos vestidos assimétricos plissados, passando por sugestões de inspiração étnica muito própria dos hippies, as tendências apelam à imaginação de cunho retro ou vintage, onde quase tudo é permitido. O desporto entra de forma quase abusiva em algumas coleções, conhecidas por estéticas mais conservadoras, apelando a uma presumível irreverência, onde as linhas mais estilizadas se conjugam com pormenores improváveis como os bonés de pala, calças estilo smoking em tecido polar americano com cós de elástico e cordões.
A desproporção de simetrias induz a uma postura mais descontraída composta por pequenas sugestões mais clássicas, como o casaco/bolero Chanel. Mas as tendências também apostam na imagem pura dos anos 1970, um hippie mais rico e confuso, rico em aplicações e estampagens étnicas coloridas, valorizando a mistura de texturas e padrões vibrantes e que devem ser sobrepostos criando uma mescla alucinogénica (Miu Miu).
O grunge e o trashy expõem-se sem medos, recuperando uma imagem andrógina/ masculina, na pretensa atitude de irreverência e possível choque, que acaba por resultar num revivalismo onde se apela à personalidade de quem adota estes estilos mais alternativos (Louis Vuitton). De facto, a tendência da próxima primavera-verão faz-se de muitas tendências, recuando num tempo recente e procurando reavivar uma estética alusiva à artisticidade, cheia de informação que pode acabar por resultar na não-tendência, quiçá propositada ou podendo resvalar numa construção pirosa intencional ou não!!! Proporcionar alternativas para os diferentes nichos e tribos acaba por ser o forte intuito das coleções das marcas de referência, mostrando que a tendência global atual se ajusta a todos, independentemente do estilo, gosto e silhueta.
Mas, de salientar, a importância dos acessórios, exuberantes, nuns casos, discretos, noutros. A Gucci oferece um conjunto de ideias para usar e abusar dando, ainda mais, alegria a coordenados já de si enaltecidos, quer pelos materiais, quer pelas cores e assimetrias. Os sapatos querem-se com saltos de tacão semi largo, meio abertos meio fechados, relembrando os loucos e alucinados anos 1970, que o cantor inglês, recentemente desaparecido, David Bowie muito usou criando um estilo muito próprio a que ninguém ficou indiferente. O oversize antagoniza com o slim, o quadrado dialoga com as riscas, o curto com o comprido.
A sensualidade é potencialmente valorizada por sugestões mais decotadas e tecidos mais fluidos, deixando pouco à imaginação da própria sensualidade. As coleções SS 2016 apelam, acima de tudo, ao bom senso e à beleza natural de quem sabe olhar a tendência e aplicá-la da melhor forma. Para quem tem pouca inspiração de styling, revisite os álbuns de família e recrie!