Há cada vez mais casais a escolher a Madeira para casar, juntando umas férias a um dos momentos mais importantes da vida
Duas pessoas, um grande amor e vontade de partilhar o resto da vida em conjunto. Estão reunidas as condições necessárias para um ‘elopement wedding’ – um casamento a dois, uma forma intimista de unir duas almas, discretamente, e que poderá significar uma celebração ao ar livre, em plena natureza, com paisagens deslumbrantes, ou na praia, com o mar a servir de testemunha.
O termo advém da palavra ‘elope’ que significa, em inglês, fugir secretamente para casar. No fundo esta modalidade de matrimónio foge ao tradicional copo d’água com um número avultado de convidados. O objetivo passa pela experiência e pelas juras de amor trocadas entre o casal e o celebrante, com poucos amigos ou familiares ou até mesmo sem ninguém para presenciar este momento indelével da vida conjugal.
O conceito passa por escolher uma localidade, fazer as malas, voar até ao destino e casar lá. É um misto de aventura e escape ao convencional. O facto é que Portugal integra a lista dos 10 países mais pesquisados no Google para o segmento de ‘Wedding Destination’, com o Algarve a liderar a preferência dos noivos no momento de contrair matrimónio.
Na Madeira o conceito está a crescer e pelo mundo fora há quem venha de propósito à ilha só para casar ou festejar. Clima agradável o ano inteiro, locais pitorescos, vilas encantadoras, falésias com vistas soberbas para o mar, uma ilha reconhecida variadíssimas vezes como o melhor destino insular do mundo, são, sem dúvida, razões de peso na hora de escolher o sítio de sonho para dar ‘o nó’.
Raquel Nascimento, responsável pela empresa Madeira Celebrant começou a fazer cerimónias simbólicas na Região em 2019 e conta que, na altura, o conceito já era conhecido, mas menos explorado do que na atualidade, já que estamos perante uma tendência a nível mundial, que ganhou espaço, especialmente, na altura da pandemia.
Da sua vasta experiência realça que no conceito de ‘elopement’ a procura pela Madeira é grande e diversificada, sendo o Pico do Areeiro o local mais desejado para assinalar a união de duas vidas. Raquel Nascimento destaca que os seus serviços são procurados, sobretudo, por noivos oriundos de países como o Reino Unido, França, Estados Unidos, Polónia, Suíça, Irlanda e Austrália. Com efeito, admite “que 70% vem apenas celebrar [o casamento] e 30% pede mesmo apoio com a documentação para o [casamento] civil” sendo que neste segundo caso, “um dos cônjuges é habitualmente madeirense”.
Apaixonada pelo tema, conta que “ser celebrante é uma arte” e que “de todos os serviços que englobam a preparação do casamento” essa é a parte mais especial e detalha o porquê.
“O contacto com os noivos a nível pessoal e íntimo, poder conhecer as suas histórias de amor e contá-las é um privilégio e até mesmo um desafio que me dá imensa satisfação”, realça a Celebrante que utiliza o seguinte slogan no sítio eletrónico da sua empresa ‘celebre o seu amor no Paraíso’.
Mas além de ‘amor e uma cabana’, dentro deste conceito há quem opte por celebrar a união de forma mais luxuosa, conforme nos conta o premiado fotógrafo madeirense Miguel Ponte, que se destaca no panorama do Wedding Destination, a nível internacional e que já trabalhou com casais de mais de 50 países diferentes.
Pela sua experiência, revela que a escolha pelo sítio para casar “depende muito da capacidade económica dos noivos”. Ainda assim, assinala que a preferência dos seus clientes recai por unidades hoteleiras como o “Reid’s, o Savoy Palace, a Quinta do Furão, o Porto Mare, o VidaMar e o Vila Baleira, no Porto Santo”.
Miguel Ponte realça ainda que a Madeira está a afirmar-se neste mercado e garante que “10% de todos os casamentos oficiais realizados anualmente na Região correspondem a cidadãos de outras nacionalidades”, número “que não inclui cerimónias simbólicas que representam a maior fatia”.
Nesse sentido, o fotógrafo, que é apaixonado por este segmento, afirma veemente que “é claro que há um aumento, ao longo dos últimos anos” do casamento ‘elopement’ na ilha, em especial dos mercados da Europa Central e de leste como Alemanha e Polónia ou ainda Britânico e Americano”.
Face a este aumento e a esta oportunidade de mercado, Miguel Ponte alerta que “não há uma aposta das entidades oficiais ou até de grupos hoteleiros na promoção deste nicho”, já que o “aumento na procura” pela Madeira para este género de casamento deve-se “quase exclusivamente ao trabalho de promoção nas redes sociais por parte dos fotógrafos e por isso a Região está longe de concorrer com destinos como Toscânia (Itália), Cote d’ Azur (França), Santorini (Grécia)”.
Por fim, enaltece que “os casais se queixam da falta de aposta em espaços verdadeiramente vocacionados para este mercado”, porém elogiam a qualidade dos profissionais que trabalham a montante e a jusante dos casamentos, como os fotógrafos, videógrafos, maquilhadores, floristas e quejandos.