Caminhos alternativos para descobrir a Madeira

Além dos mais afamados trajetos, há vários percursos alternativos que oferecem muita beleza e lugares únicos

Os percursos pedestres são a combinação perfeita entre exercício físico e o contacto direto com a natureza, mas são também um mergulho profundo nas raízes da história da Região Autónoma da Madeira.

A ilha é sobejamente conhecida pelos seus caminhos pedonais e embora haja percursos muito procurados e conhecidos, a verdade é que ainda existem muitos outros por calcorrear pela maioria das pessoas.

A Madeira guarda segredos no seu regaço, mesmo para os filhos da terra, e a Essential dá a conhecer, nesta edição, caminhos menos concorridos, porém igualmente deslumbrantes, que os amantes das caminhadas não vão querer perder, sobretudo nesta altura de verão e de férias.

Assim sendo, nada como vestir-se a rigor e explorar a mãe natureza, cumprindo com as normas de segurança recomendadas pelas autoridades, ao mesmo tempo que promove a sua saúde física e mental.

De acordo com o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), os percursos pedestres estão classificados como Pequena Rota (PR), isto é, possuem uma extensão igual ou inferior a 30 km, ou Grande Rota (GR), com uma extensão superior, que podem ser constituídos por um conjunto de várias pequenas rotas e estão identificados através de um número sequencial.

Atualmente a ilha da eterna primavera conta com uma lista de 33 percursos pedestres recomendados, de pequenas rotas, sendo três deles na ilha do Porto Santo.

Para quem gosta de desafios e de ir mais longe, começamos por desbravar os caminhos mais longos, que constam desta lista de itinerários recomendados pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza.

O PR 12 Caminho Real da Encumeada tem uma extensão de 12,5 km, estende-se entre Câmara de Lobos e a Ribeira Brava, com início no Miradouro da Boca da Corrida e fim na Encumeada. Tem uma duração de cinco horas de pura imersão em paisagens absolutamente soberbas, capazes de fazerem o caminhante sentir-se engolido pela natureza.

Este trilho desenvolve-se entre os 1.323 e os 830 metros de altitude e atravessa parte do Maciço Montanhoso Central, junto à base dos picos mais altos da Madeira.

Antigamente, este percurso era utilizado por senhorios a cavalo, em que as suas esposas eram transportadas deitadas em redes por homens, pois este Caminho Real era uma das principais vias para o trânsito de pessoas na ilha.

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Relativamente mais curto, temos o PR 13 Vereda do Fanal, que começa no Paúl da Serra e termina no Fanal, localizado no Porto Moniz, com uma duração de quatro horas e uma distância de 10,8 km. Insere-se numa área de coberto florestal originário da Madeira, em plena Floresta Laurissilva, classificada de Património Mundial Natural pela UNESCO e integra ainda a Rede Europeia de Sítios de Importância Comunitária – Rede Natura 2000.

Curiosamente a mística zona do Fanal é também classificada de Reserva de Repouso e Silêncio, pelo Parque Natural da Madeira, sendo o refúgio idílico para quem procura desligar-se da agitação e do ruído da vida quotidiana.

O PR 5 Vereda das Funduras, por seu turno, é outro tesouro escondido da natureza madeirense. Localiza-se em Machico, com início no Miradouro da Portela e final nos Maroços. Pode contemplar, por exemplo, a imponente massa rochosa da Penha D’Águia, ou os tradicionais poios em socalcos que são uma marca da paisagem agrícola madeirense.

Outra sugestão do IFCN é o PR 14 Levada dos Cedros, que se localiza no Porto Moniz, com partida no Fanal e chegada ao Curral Falso, com uma distância de 7,2 km. Para aceder à levada, terá que descer por uma vereda com vários degraus em madeira, numa extensão de cerca de 1200 metros. O esforço compensa e conduz o caminhante a um cenário de esplendor.

Já o PR 18 Levada do Rei é um itinerário mais curto do que os anteriores, são cerca de 5,3 km. Com início na ETA de São Jorge e final no sugestivo Ribeiro Bonito, um autêntico santuário natural, localiza-se em Santana, com uma duração de 3:30 horas. O início deste percurso é composto por um misto de vegetação endémica e outra introduzida após a descoberta da ilha. A segunda parte do trajeto surpreende e arrebata qualquer ser pela grande variedade de espécies que são a prova real do potencial natural do património cultural da ilha.

Após terminar o trajeto poderá ainda visitar o Moinho de Água de São Jorge, que conta com cerca de três séculos de história.

O PR 19 Caminho Real do Paul Mar é um percurso de 1,8 km, que começa nos Prazeres e termina no Paul do Mar, localizado na Calheta, e vai desde os 550 metros de altitude até à beira-mar.

Este caminho é rico em quedas de água e em beleza geológica pela alternância entre os filões basálticos e as rochas de cor ocre. Neste caminho real (por isso um pouco mais largo), em piso calcetado em pequenos degraus, é possível ter a perceção dos difíceis acessos percorrido pelos nossos antepassados, com cargas pesadas às costas, como única alternativa à ligação marítima, que era demasiado cara para alguns e impossível quando o mar se encontrava revolto.

Por último, mas não menos importante, temos Um Caminho para Todos Queimadas – Pico das Pedras, que permite às pessoas com incapacidade motora e visual usufruírem do contacto direto com a natureza.

Em menos de uma hora, com início nas Queimadas e final no Pico das Pedras, é possível acompanhar uma mancha florestal de transição entre a floresta natural da Madeira e a floresta exótica, com árvores introduzidas pelos homens na ilha. Aqui o chamamento passa por abrandar, escutar o som da água em corrida permanente, e sentir os cheiros da terra molhada, que transportam a uma experiência sensorial profunda de ligação entre o homem e a natureza.

www.ifcn.madeira.gov.pt