Passagem para o Mundo

Matriz dos descobrimentos portugueses e um local estratégico desde o seu povoamento, assim é a História da Madeira.


 

Descoberta em 1419 pelos portugueses, o povoamento da Madeira obrigou os povoadores a trazerem tudo o que era necessário para a sua fixação nas ilhas, como sementes e animais domésticos. Este povoamento serviu de matriz para a expansão portuguesa, que acontece nas décadas seguintes e marca o início de uma ligação ao Mundo.

Na agricultura, a cultura da cana-de-açúcar assume claro destaque e o modelo é depois levado para o Brasil. Da ilha foi adotado também o modelo governativo e a organização de poderes. No século XV, por ordem do Infante D. Henrique, a Madeira é dividida em três capitanias: Funchal, Machico e Porto Santo.

O arquipélago serviu de “teste da criação de modelos, que depois vão ser exportados para todo o espaço das colónias portuguesas e da expansão portuguesa”, refere o historiador Paulo Rodrigues.

Desde o início dessa expansão, “o porto do Funchal, e a Madeira em si, pela proximidade com África, serviu como ponto de apoio direto para as fortalezas portuguesas que existiam na costa africana”, acrescenta Paulo Rodrigues.

Para além dessa proximidade, o arquipélago estava ainda na rota do sul do continente americano, devido à ação dos ventos alísios, que sopram deste o norte da Europa e ajudam na navegação para sul. Nesse caminho, a Madeira era “o último lugar onde se podiam encontrar mantimentos frescos e seguros” para uma longa viagem.

Ao longo do século XVII e XVIII, pelo porto do Funchal, ou ao largo da ilha, passaram as mais variadas personalidades, revelando a importância deste verdadeiro entreposto no atlântico. James Cook, a caminho do que hoje conhecemos como Austrália; a corte portuguesa, a caminho do Brasil na sequência das guerras napoleónicas; o próprio Napoleão Bonaparte, anos mais tarde a caminho do seu exílio, são alguns exemplos.

No século XIX a ilha passa também a paraíso terapêutico para doentes de tuberculose. Por esse motivo vieram personalidades como a princesa D. Amélia de Portugal ou a Imperatriz Sissi da Áustria, que impulsionaram “o turismo na nossa região”, refere o arquiteto e investigador Rui Campos Matos. Resultado: A Madeira é uma das “regiões turísticas mais antigas da Europa”.

A passagem para os navios movidos a carvão, a chegada dos hidroaviões, no século XX, e até da passagem de um zepelim (o primeiro a fazer a travessia entra a Europa e os Estados Unidos da América em 1928) reforçaram a ideia de que o porto do Funchal era uma verdadeira porta de entrada da ilha e de saída para o mundo. Hoje em dia cerca de meio de milhão de turistas por ano chega à Madeira pelo Atlântico.