Uma das mais jovens empresas a produzir rum da Madeira criou uma marca que é herdeira de uma longa tradição: William Hinton.
Em 1838, William Hinton fez o que muitos britânicos tinham feito antes e continuaram a fazer depois: Rumou à Madeira em busca de uma vida melhor e de um papel no comércio que então, a partir da Madeira, tinha no Reino Unido um dos principais mercados.Foi o iniciador de uma família que prosperou e cuja história se confunde com a cultura da cana-sacarina e seus derivados, como o açúcar, o álcool ou o rum agrícola, localmente conhecido na Madeira como aguardente. Em 1845 criou a maior empresa da Madeira, a Fábrica do Torreão, e provavelmente, na época, a maior empresa da Europa a produzir açúcar.
A atividade terminou em 1986. Duas décadas depois, Jimmy Welsh, um dos descendentes da família Hinton, cria o Engenho Novo da Calheta herdeiro do know-how do antigo engenho.
Com a experiência veio também um alambique centenário de onde sai a maior parte da produção atual. Da família, que já não está ligada à empresa vem também o nome da marca: William Hinton.
Há três anos que Mário Gomes é embaixador da marca. É ele quem conduz a Essential pelo processo de produção e pela explicação da gama de produtos. É também ele o responsável por falar do rum da Madeira nos mercados para onde o William Hinton, criado há três anos, se está a expandir. A expansão feita com o apoio da empresa Icon Key “foi inicialmente pensada para o mercado nacional”, mas “vamos nos movimentando também consoante os mercados onde a Icon Key se vai estendendo: Itália, França ou Luxemburgo.”
Na estratégia de exportação, o Engenho Novo da Calheta procura mostrar que a produção de cana-de-açúcar é antiga na Madeira. Tem quase 600 anos e que por consequência o rum tem tradição. Os rótulos das garrafas são, por causa disso, uma associação aos descobrimentos.
A Madeira produz 5 por cento do rum mundial. Mário Gomes explica os números: “Aqui cinco empresas produzem 600 mil litros. A mais pequena da Martinica produz quatro milhões.”
O produto é destilado do próprio sumo da cana-de açúcar. É “um rum agrícola, sem açúcar”. A produção é mais intensa entre abril e maio, quando as canas são moídas. O sumo resultante é guardado em tanques de fermentação. 24 horas depois é obtido o produto final. A partir daqui está aberto o caminho para diversos processos de envelhecimento.
A maior parte do mercado é feita com runs mais novos, de consumo imediato. Mário Gomes explica que “para envelhecer rum é preciso esperar três, seis ou nove anos.” A empresa aposta na capacidade de envelhecer parte do produto, porque o rum mais velho tem mais valor comercial.
Para já estão disponíveis várias idades. O mais jovem é branco e com 40% de álcool. É usado, por exemplo, na tradicional poncha da Madeira.
Outro dos mais populares é o de 9 meses, com envelhecimento em cascos de carvalho para “arredondar o sabor”, ideal “para fazer um daiquiri, ou mojito, um cuba livre”, explica Mário Gomes.
Já o rum de 3 anos é um blend de lotes com mais de três anos, com um sabor marcado por “caramelo e baunilha”.
Mais exclusivas são as garrafas single cask, direcionadas para colecionadores. Com 42% de álcool, são uma mistura de runs velhos e novos, envelhecidos durante “mais de 9 meses em barricas de Porto, Madeira, sherry, brandy, ou bourbon, que lhe conferem um acabamento mais requintado”.
As garrafas são numeradas e apresentam a indicação de “quantas foram feitas bem como vem o ano de embalagem e o número do casco. Por exemplo, no caso do sherry foram produzidas 340 garrafas.
Dentro da garrafa William Hinton – Limited Edition há um blend de um rum de seis anos do Engenho Novo da Calheta com rum de 25 anos ainda da antiga empresa William Hinton unindo assim duas gerações Hinton.
A gama apresenta ainda rum branco com 69% de álcool, obtido através de fermentação natural. Um dos próximos lançamentos será uma gama com 9 anos, mas é necessário esperar que o tempo passe. Nessa altura esse passará a ser o rum mais velho da empresa.